Efeitos do Álcool sobre o Cérebro
Os resultados de exames pós-mortem (necropsia) mostram que pacientes com história de consumo prolongado e excessivo de álcool têm o cérebro menor, mais leve e encolhido do que o cérebro de pessoas sem história de alcoolismo. Esses achados continuam sendo confirmados pelos exames de imagem como a tomografia, a ressonância magnética e a tomografia por emissão de fótons. O dano físico direto do álcool sobre o cérebro é um fato já inquestionavelmente confirmado. A parte do cérebro mais afetada costumam ser o córtex pré-frontal, a região responsável pelas funções intelectuais superiores como o raciocínio, capacidade de abstração de conceitos e lógica. Os mesmos estudos que investigam as imagens do cérebro identificam uma correspondência linear entre a quantidade de álcool consumida ao longo do tempo e a extensão do dano cortical. Quanto mais álcool mais dano. Depois do córtex, regiões profundas seguem na lista de mais acometidas pelo álcool: as áreas envolvidas com a memória e o cerebelo que é a parte responsável pela coordenação motora.
O álcool ingerido em grandes quantidades dificulta também a assimilação de vitaminas pelo organismo, principalmente a B1, essencial para a saúde dos nervos. É por isso que os alcoólatras têm os nervos afetados. Muitos passam então a fumar, na tola ilusão de assim contrabalançar o seu problema de nervos. Com isso mergulham rumo à total degradação física e anímica.
O álcool tem um efeito devastador no viciado. No alcoolismo crônico é comum a ocorrência do "delirium tremens"; o alcoólatra treme pelo corpo todo. A temperatura da pessoa pode chegar acima de 40°C e o suor é tão abundante que ele pode morrer de desidratação. A pele fica avermelhada em razão dos danos aos vasos sanguíneos sob a pele. Os nervos afetados podem causar impotência; o indivíduo também pode ficar estéril em razão dos efeitos tóxicos no esperma. O álcool ainda pode causar pressão alta, arritmia, ataques cardíacos, derrames cerebrais e danos aos músculos cardíacos. Os eletroencefalogramas de alcoólatras mostram que há um encolhimento cerebral; a destruição das células cerebrais provoca deterioração intelectual, perda de memória e demência. Também são comuns sintomas de depressão. O fígado, que converte o álcool num produto ainda mais tóxico, o acetaldeído, fica escravo da bebida e acaba negligenciando o metabolismo dos alimentos, o que leva ao acúmulo de toxinas e de gorduras no sangue. O excesso de álcool provoca ainda arteriosclerose e miocardiopatia (degeneração do músculo cardíaco), podendo também causar câncer de garganta, de esôfago e de boca. A pesquisadora Gilka Fígaro Galtas, da Faculdade de Medicina da USP, concluiu que a bebida causa de 80% a 90% dos casos de câncer de boca. Os principais danos causados nos órgãos são os seguintes:
Fígado: hepatite, cirrose (endurecimento e degeneração do tecido);
Pâncreas: pancreatite (inflamação na qual o pâncreas libera suas enzimas no próprio tecido);
Estômago: gastrite, úlcera;
Sistema nervoso: lesões cerebrais, epilepsia, psicose e demência;
Estudos revelam também que o uso do álcool tem um efeito definido e desfavorável em várias glândulas do corpo. Nos homens, o uso do álcool determina certa atrofia nos testículos, resultando uma redução no número de espermatozóides produzidos. Em casos extremos esta produção desaparece. Nas mulheres, revela-se um efeito semelhante nos ovários.
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